Médico cubano Richel Collazo fala ao G1/RS sobre nova fase como secretário municipal em Chapada
Médico cubano fala sobre nova fase como secretário municipal em Chapada: 'Está sendo um desafio'
Richel Collazo, de 37 anos, assumiu a Secretaria de Assistência Social e Habitação da cidade após a saída de Cuba do programa Mais Médicos. Profissional, que se casou no Brasil, ainda sonha voltar a atuar como médico.
Richel Collazo chegou ao Rio Grande do Sul em 2014
O cubano Richel Collazo, que atuava como médico no Rio Grande do Sul, vive uma nova etapa de sua vida, à frente da Secretaria de Assistência Social e Habitação de Chapada, no Norte do estado. Ele foi nomeado secretário em fevereiro de 2019, após a saída de Cuba do programa Mais Médicos.
"Está sendo um desafio muito grande", resume o profissional, que é casado com uma chapadense, possui residência permanente no Brasil e já tem naturalização encaminhada.
"Estamos trabalhando tanto a saúde como a educação, fazendo atividades de prevenção, tanto nas escolas como em grupos de saúde de idosos, grávidas e adolescentes", detalha.
Para incluir o caribenho como secretário municipal, o prefeito Carlos Alzenir Catto (PDT) conta que precisou alterar a lei orgânica do município do Norte do estado.
"Tivemos que adequar nossa lei, a lei orgânica nossa dizia que podia ser brasileiro, suprimimos a palavra 'brasileiro'", explica o prefeito. "Estamos muito contentes com ele", acrescenta.
Inicialmente, Richel foi convidado a assumir a Secretaria de Saúde, mas o processo de mudança da legislação, que exigia aprovação na Câmara de Vereadores, demorou e, por isso, o prefeito precisou escolher outra pessoa para administrar a pasta.
Além disso, o cubano preferiu desistir do cargo. "Não assumi a Secretaria de Saúde porque dentro do edital do Mais Médicos tem um inciso onde fala que não posso ter cadastro como gestor de saúde para concorrer a uma vaga do Mais Médicos", justifica.
Planos na medicina
Antes de atuar como médico no estado, Richel Collazo teve aulas de português e sobre o sistema de saúde brasileiro
Voltar a atuar como médico ainda é o grande desejo dele, que se formou em medicina em 2009 em sua terra natal. Richel perdeu o vínculo com o programa em novembro de 2018, quando o Ministério da Saúde Pública de Cuba anunciou a decisão de deixar o Mais Médicos por conta de "declarações ameaçadoras e depreciativas" do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
"Ainda estamos aguardando. O ministro da Saúde falou que no novo programa que vai substituir o Mais Médicos poderíamos estar sendo contemplados. Sobre o tema Revalida, também estamos na espera da abertura de editais, mas ainda sem previsão", explica o médico, que precisa revalidar o diploma de medicina obtido em Cuba para exercer a profissão no Brasil.
O Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira (Revalida) é obrigatório para que os brasileiros e estrangeiros que se formaram em medicina em universidades do exterior possam exercer a profissão de médicos no país.
Desta forma, Richel poderia ser contratado como médico, mesmo fora do programa Mais Médicos.
"Fazer o que estudei, seja no novo programa ou através do Revalida, é o que eu gostaria de fazer", planeja o secretário.
Depois da saída dos médicos cubanos, quase 30% dos municípios do estado ainda têm vagas abertas no Mais Médicos. Dos 1.318 postos que o estado tem, 262 não foram preenchidos em 140 cidades. Porém, não contemplam médicos formados no exterior.
O Ministério da Saúde informou que mantém a renovação dos profissionais no programa apenas em cidades mais vulneráveis, e que estendeu o pagamento da verba de custeio para unidades de saúde da família que perderam profissionais do Mais Médicos. Além disso, diz que trabalha na elaboração de um novo programa para ampliar a assistência à rede básica.
Fonte: G1/RS